13 de jul. de 2011

“É justo o que nos pagam?”

“Só o fato de suspender a greve já enfraquece!
Esses que realmente dependem só do salário da profissão de professor do Estado, se estão passando por dificuldades e se voltam às salas de aula, é porque foi a única forma viável encontrada para sobreviver, e precisam sim, pensar neles próprios.
Por favor, não nos tratem como coitadinhos e esmoleiros.
Eu não volto até a greve acabar, até porque para alimentação, moradia: água, telefone, energia, internet, IPTUs, alguma despesa médica, combustível, IPVA, vestuário, dinheiro pra diversão, viagens… tudo isso eu não preciso do meu salário para me manter, já que ainda tem quem pague para mim.
Eu tive que escolher trabalhar só trinta horas semanais, porque preciso ser aquele profissional que toda a sociedade pede. O meu lindo salário só serve para eu pagar a minha especialização, o meu curso de Inglês, a minha aula de violão, o meu tratamento dentário, os meus livros e a mobília do meu quarto de estudo. Grande parte disso tudo é à vista, chorando desconto para, com este, poder pagar o outro.
Nesta luta, eu conheci professores do Estado que já estão quase se aposentando e ainda não conseguiram fazer um “canto decente” para trabalhar em casa.
Agora eu pergunto, o que nos pagam, é justo?
Não sei como um professor do Estado, que depende só desse dinheiro, consegue viver, sinceramente, eu ainda não sei. Ele precisa abrir mão de muitas coisas, mas precisa dar conta da responsabilidade que lhe imposta.
Tem outra, nós precisamos avançar no IDEB, cada vez o MEC cobra mais aprovações, cobra mais “alfabetização”, porque eles também são cobrados, e quando não “avança”, perde-se dinheiro, muito dinheiro.
Todo mundo se orgulha em ver a mulher subindo à ‘escadinha’ porque o IDEB subiu. Mas todos chamam o povo brasileiro de burro porque ficou em 53ª lugar no PISA, “aquele que ‘mede’ a “inteligência” dos alunos de todos os países”.
Todo mundo adora ter dinheiro, viajar, até esquece que é brasileiro. Não sei por que odeia tanto o país! Mas, acho que entendo: é porque o país é visto como LIXO em outros países, é visto como povo burro, ignorante, que é bandido porque é pobre, é favelado e os que têm dinheiro tem nojo de levar a fama junto com os pobres. Acham-se no direito de pôr a culpa no povo ignorante que não “lê”, no povo ignorante da escola pública. O aluno público do professor público que recebe dinheiro público.
Ah, professor já ganhou bem quando não existia a escola particular. Depois do surgimento dessa, o poder público deitou e rolou no plano de carreira do professor, foi rebaixando e massacrando virando chacota igual ao nosso Criciúma quando é rebaixado, só os que têm dinheiro é que salvam o time… $$ $$ $ $ $…
Não estou colocando a culpa em alunos desinteressados em aprender, em gente com muito ou pouco dinheiro, em instituição privada, também não chamo ninguém de ignorante. Apenas me incomodo com alguns comentários que “falam, falam”, xingam o governo e, no fim, acabam colocando a culpa na escola pública.
“Engraçado”, o setor público não presta como escola, mas presta como universidade.
Colocam a culpa no professor em greve. CULPAM A GREVE. FALAM MAL DA GREVE. “Só é ‘ofensa’ pra quem tem culpa.” Para quem não pensa no professor, mas “só” no aluno, alguns esclarecimentos:
Com GREVE, os alunos poderão fazer vestibular, não vão reprovar POR CAUSA da greve e não vão perder o ano.
Quem culpa a greve porque os alunos ficarão e estão sem aula, só uma coisa… Ano passado, lecionei em uma escola na qual faltavam professores, precisavam contratar, não faltava por faltas.
Então, uma pessoa que trabalhava de serviços gerais teve que se ausentar de seu local de trabalho e dirigir-se à sala de aula para cuidar um pouco dos alunos indisciplinados – nem vou discutir, aqui, se está certo, uma vez que eles não tinham ninguém para discipliná-los.
Agora eu pergunto:
Você é atendido por um “faxineiro” na falta de um médico?
A ‘engenharia da BR’ é responsabilidade para um faxineiro?…
Ah, isso é para quem usa o argumento de que o aluno vai ficar sem aula.
A culpa é de quem “educa” pelo estômago.
O Governo só quer ver o aluno bem alimentado “barrigamente”, agora, mentalmente, é o que ele TEME!!
Dayane Possoli – Regional de Criciúma.”

(fonte: http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/?topo=67,2,18,,,67 )

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