27 de jun. de 2011

“Em SC, Educação rima com indignação”

Do Professor Silvio Martins, Rio do Sul, via e-mail, segue texto enviado com o título “Em Santa Catarina, Educação rima com indignação:
“É injustificável sob qualquer ponto de vista, o que vem ocorrendo com a educação em Santa Catarina. As autoridades envolvidas deveriam ser penalizadas na esfera política e criminalmente. O nosso Estado tem a quarta maior renda per capita do Brasil, em torno de R$ 20 mil, no entanto, o Estado do Piauí, que possui a menor renda per capita, em torno de R$ 5 mil, aplica a Lei do Piso ao Profissional da Educação. A LOA (Lei de Orçamento Anual) aprovada em 2010 para ser executado em 2011 prevê quase três bilhões destinados à educação em SC. De que forma esse dinheiro está sendo aplicado? Pelos dados levantados pelo próprio Tribunal de Contas do Estado (TCE), nos últimos anos, entendemos que seja nos últimos quatro anos, em torno de 1 bilhão e seiscentos milhões do FUNDEB foram desviados para outras finalidades. Da saúde, foram desviados em torno de 400 milhões: Agora, cá pensando com os botões- apenas 4% deste valor já pagariam a dívida do nosso Hospital Regional.
Mas, as ações nos últimos anos e dos últimos governos, parece ter o claro objetivo de destruir a Educação Pública. A receita de sua política é fazer uma Educação, “sem e contra os professores”. Esquecem que os governos passam, mas são os professores e a Educação que ficam. E, é a qualidade da Educação, não a “quantidade” que permanece para sempre em um indivíduo, em uma sociedade. Depois da implantação das 36 SDRs pelo Estado- que possuem quase dois mil funcionários, parece que não sobrou mais dinheiro direto para as Unidades Escolares, nenhum centavo. Os diretores, cada vez mais, sentem-se obrigados a pressionar os pais para a dita “contribuição espontânea”, o que, não é tão espontâneo assim. Diante destes descasos, as autoridades sempre parecem agir com uma ponta de ironia e pisam na dignidade do professor. Estão, não somente rasgando o “nosso dinheiro”; dinheiro dos impostos destinado à Educação, mas, espoliando os benefícios futuros de uma sociedade. Como escreve o Professor José Heriberto de Oliveira para o Blog do Moacir Pereira: “Esta greve é fruto do descontentamento produzido pelo modelo de gestão educacional implantado frente à SED nos três últimos governos. O piso, além de ser uma reivindicação pobre, é apenas um dos itens da escalada de indignação dos professores em nosso estado nos últimos anos”. Assim ele faz uma lista de maldades do último governo: “O tempo para aposentadoria dos professores vem sendo ampliado; A gente gozava licença prêmio, agora usufrui, mas, somente quando o governo quer; Governador entra na Justiça, congela o piso a valor equivalente ao que o candidato dele a Presidente da República propunha para o salário mínimo; Passou a ser comum a agressão em Professores por pais e alunos e a vitima é o culpado; A escola que não deu ainda pra ser privatizada, chegou ao estágio da terceirização: da merenda, da vigilância, sistema de informática, manutenção de computadores, limpeza e outros; Municipalização do ensino; 10 anos sem curso de qualificação; Oito anos sem concurso público para professores das séries iniciais; Redução do recesso escolar com ampliação dos dias trabalhados, este ano iniciou as aulas em 07 de Fevereiro; Aprovação automática dos alunos de 5ª para 6ª série e anos subseqüentes, com o compromisso da SED de recuperá-los a partir de abril, mas já esqueceram. Gestão escolar com escolha de Diretores com critério partidário, já deu tempo pra ver que este modelo não funciona.”
Portanto, nada justifica. Este governo está completamente fora dos trilhos. O Brasil já é outro, temos a internet, uma nova classe C e um empresariado que cada vez mais valoriza a Educação. Todos os países que se desenvolveram investiram em uma Educação de qualidade, o professor, em muito desses países, Singapura e Coréia do Sul são exemplos, tem o nível salarial aproximado ao de engenheiros e médicos. Não é por nada, que em SC, faltam professores, porque o mercado atualmente oferece aos jovens opções de valorização muito mais atraentes.
Infelizmente tivemos governos sem competência administrativa (investir na educação é o melhor investimento), sem ética, sem racionalidade e, enfim, é um governo que está praticando improbidade administrativa, quando deixa de aplicar uma Lei. Que mesmo, ainda não sendo justa, é uma conquista histórica na área da Educação. Estamos em greve sim, porque não acreditamos na quantidade, mas, na qualidade da Educação. Acreditamos na possibilidade de mudar este país pela Educação. Estamos indignados diante de um governo que não tem projeto para a Educação catarinense, e se o tem é um projeto “contra a educação”. Não é somente uma questão salarial de classe, é uma questão de dignidade e cidadania em que todos devem participar e cobrar das nossas autoridades constituídas.
Silvio Martins, Professor da EEB Prof. Henrique da S. Fontes (Rio do Sul).”

(fonte: http://wp.clicrbs.com.br/moacirpereira/?topo=67,2,18,,,67 )

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